A dança da Solidão
É bem verdade que a vida nos revela surpresas. Às vezes sonhamos em ir longe, achamos que para ser feliz é necessário tocar o céu. Ir além das nuvens. Descobri que nem sempre é preciso tudo isso. A felicidade pode estar sempre dentro de nós, basta um despertar para o mundo. Outonos, invernos, primaveras, tudo pode resplandecer seu brilho dependendo apenas do referencial. Ah! A vida não pára mesmo. Estou aprendendo que “acontecer” é preciso. Se mais na frente estiver errado sei que não custa nada voltar e recomeçar. Recomeçar os sonhos, os dias a minha maturidade. Penso que nem sempre estarei pensando nas alegrias, mas o hoje é suficiente para eu acreditar. Sim, eu acredito. Isso é importante. Não acredito em demasia nem de menos. Creio o suficiente para acordar e saber que um dia posso realmente ser feliz...Embora do meu modo simples de ver o mundo, mas entre loucuras e abstrações buscar um sorriso. Sempre optei por lutar, afinal sou fruto de uma luta pela sobrevivência. Nasci brigando com o mundo...Uma briga por vezes desleal, mas que sempre consigo me erguer e estar firme novamente esperando uma nova batalha. Parece loucura. Sim, loucura, uma diferença daqueles que param no meio da estrada e contemplam os dias passarem. Sou louco com todo o direito a sê-lo.Tenho meus desejos mais abstratos e é nesses desejos que sei até aonde vão minhas limitações. Não sou fruto do bem estar da vida, do senso comum, da sorte e nem da normalidade social. Sou resultado do sofrimento, da guerra, da esperança de um belo sorriso. Nasci das etéreas abstrações, da concepção vulgar do desejo, do mito. Nada foi fácil em meu caminho e nem creio que um dia será. Acostumei-me ir alem do que posso, pois o que posso é muito pouco. Não me fuzilem com esses olhares pseudo-intelectuais, nem me digam de estéticas e sentimentos. Alias, de sentimentos vocês realmente não conhecem nada. A história esta tecida, a alma corre contra o tempo e na valsa da solidão me desarmo esperando o adversário. Já sei lutar sem armas. É necessário chorar sem lágrimas. Um anjo não pode sentir medo, um pássaro não desiste de voar, eu não posso mais parar. Ficarei até sem abrigo e sei que isso pode induzir-me ao vazio. Nunca mais terei porque deixar de dizer que vivo, no entanto, também não deixarei a morte que sempre a vi com bons olhos. Afinal, minha dor, meus pesares, sonhos e desejos são algo que não há porque deixa-los para trás. Ninguém nunca soube deles, ao menos se importaram. É razão pela qual a dança da solidão me fascina, foi a única dança que aprendi de verdade.